Os bons e os justos
Lourenço Cazarré
Doia mais do que o riso mau das beatas.
Doia mais do que os xingamentos do padre.
O tempo que mais custa a passar é o que se gasta nos balcões encardidos dos bares. De botecos cujos assoalhos cheiram a serragem na verão e a lama do inverno. O triste cavaleiro que vai acabar a noite no leito frio das mulheres compradas.
Dentro de casa, entricheiradas por trás dos rádios e tevês, os homens de bem.
A rua é o refúgio dos homens maus,
Casa é lugar de crianças e mulheres. Meninos bem comportados que fazem o dever escolar a mesa da cozinha. Mães que beijam os filhos nos berços.
Na noite, um homem que caminha a esmo consulta das estrelas:
- Será que meu anjo da guarda, se é que existe vira um dia me socorrer ?
Deve haver um lugar, pensou Walter, onde não existia nem dos nem alegria.
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Páginas: 132